O que é terapia EMDR?
- Fernanda Tonon
- 21 de mai. de 2021
- 2 min de leitura

Eye Movement Desensitization and Reprocessing se traduz como: Dessensibilização e Reprocessamento através de movimentos oculares.
Sabe aquela citação que os autores colocam no início dos livros? A primeira leitura que fiz da Francine Shapiro foi:
Liberdade é aquilo que você faz do que fizeram de você.
Jean-Paul Sartre.
Logo nessa abertura me deparei com a ideia de que podemos deixar o passado no passado. Não significa que vamos esquecer as experiências perturbadoras, mas podemos seguir com a mochila mais leve, deixando o desconforto para trás. Quando vivemos um evento traumático, as memórias podem se armazenar de forma inadequada em neuro-redes associadas a imagens, sensações físicas, sabores e cheiros, sons, afetos e cognições, tais como avaliações e declarações de crença. Muitos sintomas estão conectados à essa neuro-rede. Os pesquisadores acreditam que tendemos a manter os elementos perturbadores devido ao armazenamento inadequado da memória de curto prazo em vez do armazenamento de memória de longo prazo.
Resumidamente, a experiência de um trauma fica presente, carregada das sensações e emoções que a cercam, como se estivessem acontecendo agora ou muito recentemente.
A terapia EMDR é um tratamento que auxilia o processamento de memórias e experiências difíceis. Atua nas emoções e cognições que não foram devidamente processadas para armazená-las adequadamente no cérebro.
A técnica utiliza o movimento bilateral do cérebro, principalmente com movimentos oculares que simulam o os movimentos naturalmente realizados pelo sono REM.
Alerta importante com o cuidado ao fazer "coisas de EMDR pela internet" que podem prejudicar sua saúde. A regulamentação da terapia EMDR é uma prática que somente pode ser conduzida por psicólogos ou psiquiatras.
Aos colegas de profissão que desejam conhecer e seguir por esse caminho, eu recomendo o grupo TraumaClinic (https://traumaclinic.com.br/) que realiza a formação de maneira impecável por todo o Brasil e atua também em outros países.
Vale contar aqui como cheguei até isso. Na verdade, como isso chegou até mim.
Eu seguia minha prática clínica de forma paralela a outro trabalho, como já comentei na página: Diário de uma terapeuta. Pois bem, nessa época eu tinha um chefe bastante complicado. Meus últimos meses naquela empresa foram cercados de experiências bastante perturbadoras, que posso nomear como assédio moral. Eu recebia apelidos pejorativos, sofria retaliações na frente de colegas da equipe, fui excluída de reuniões importantes e também barrada num evento comemorativo em que iam celebrar uma meta da qual eu lutei junto para conquistar. Quando saí da empresa, ele ainda não perdeu a oportunidade de dizer: que boa notícia! Estava rolando uma pressão violenta do tipo: "pede pra sair". Hoje entendo que a boa notícia era minha, para mim e minha família. Mas naquele tempo me senti ferida e arrasada.
Um dia, uma prima querida e que muito me ajuda até hoje na minha vida de psicóloga, me convidou para ir ao consultório dela. Ela me apresentou o método e ofereceu uma sessão para eu experimentar. Sugeriu que eu trouxesse um evento traumático de nível 4 ou 5, e eu trouxe uma cena que melhor representava essa experiência difícil que eu tinha vivido. Vale dizer que eu estava há cerca de dois anos com um sintoma bastante desconfortável que atrapalhava minha comunicação. Após a sessão eu senti e entendi o que era deixar o passado no passado, tema de outro livro da Shapiro. E decidi que seguiria com isso.
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